Se se aplicar esta fórmula à política portuguesa de depois de 25 de Abril de 1974, não haverá dificuldade em identificar a m**** com as políticas que têm sido adotadas e as moscas com os políticos do bloco central, alargado ao CDS, que as praticam. Diga-se, de passagem, que este "centro" "democrático" social tem um pragmatismo difícil de superar: alia-se ao outro centro, ora rosa ora laranja, conforme o quadrante de onde sopra o vento.
É uma verdade insofismável que esta dança de moscas sempre foi muito apreciada pelos responsáveis pelos passes de dança que elas fazem: os eleitores que invariavelmente lhes entregam a chave do salão e lhes dão meios para contratar a orquestra. Estamos, pois, perante um caso típico de resistência à mudança. Masoquismo? Síndrome de Estocolmo? Fundamentalismo religioso pela expiação dos pecados? Falta de instrução? Falta de cultura? Alienação coletiva? Mesquinhez? Cobardia? Talvez se pudesse fazer um inquérito para apurar qual destas ou de outras hipóteses explica melhor a atual situação.
No entanto, como em alguns estados patológicos, há uma réstia de esperança que talvez se deva ter em conta, embora ela não seja isenta de contradições que podem trazer-nos perplexidades interpretativas. É que muitos dos que têm votado nas moscas, em certas condições insurgem-se contra a m**** e contra algumas moscas. Tem acontecido. Isto pode ser um sinal de tentativa de fuga ao agressor. Porém, sempre tem acontecido que, quando toca a escolher, lá vêm de novo as moscas rodopiar em torno da mesma porcaria. Tem sido sempre assim a história dos últimos 38 anos. A maioria dos eleitores muda as moscas, sempre dentro do mesmo bloco.
Ora, o facto de estes eleitores serem maioritários torna impossível uma tomada de consciência da própria maleita. Por um lado, a maioria não se auto-diagnostica. Por outro lado, a maioria, por ser maioria, não liga peva à minoria. Principalmente porque a minoria, por ser minoritária, tem que jogar cautelosamente para não ofender a maioria, sob pena de para sempre ter que se calar.
Porém, a internet tem destas coisas: dá liberdade (será ilusão?) de intervenção a qualquer parvo que queira experimentar uma ideia peregrina. Foi nesta linha que, face ao "que se lixe a troika" [http://www.publico.pt/n1586407], manifestamente criado e mobilizado por prisioneiros do síndrome de Estocolmo ou coisa que o valha, me ocorreu tentar uma terapia de choque, que às vezes funciona com certos pacientes: revelar-lhes o que eles sabem sobre si próprios mas se recusam a aceitar. Às vezes funciona mal, por reforço da negação. Outras vezes funciona bem. Mas pensei: que há a perder? Se pelo menos uma percentagem reagir bem, sempre acrescenta alguma coisa e pode ser que assim se reforce o número dos que preferem usar mata-moscas.
E pronto. Nasceu mais um Movimento. Como a maçonaria também não está escriturada e tem a influência que tem, este Movimento não precisa de ambicionar menos. O mundo é dos audazes.
Como se chama o Movimento? Afinal chama-se Plataforma, que é mais in.
PAMP - Plataforma Anti-Moscas na Política
O primeiro panfleto está pronto.